A professora “Inês” fica preocupada com um dos alunos da sua turma. O “Mário”, até pouco tempo atrás, era um aluno muito alegre, inteligente e sempre pronto para contribuir durante as aulas. Nas últimas semanas, ela reparou que o “Mário” raramente falou durante as aulas e, não só, mesmo nos intervalos, não brincava com os outros e, muitas vezes, não apresentava à professora o seu TPC.
De que maneira os conhecimentos sobre as Necessidades Educativas Especiais podem ajudar a professora “Inês” para apoiar o seu aluno de forma mais focalizada?
Nas sociedades contemporâneas, a escola regular é, por excelência, o melhor lugar convencional, onde, toda e qualquer criança e jovem, sem nenhum tipo de discriminação, deve receber a educação formal, principal plataforma de desenvolvimento pessoal e social. É através da escola regular que qualquer indivíduo se estrutura e se valoriza ao adquirir conhecimentos e competências essenciais para poder aprender, fazer, conviver e ser na vida em sociedade. Portanto, ela deve reestruturar-se, no seu todo, de modo a ser flexível, visando a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, sejam elas pessoais e/ou colectivas.
De acordo com a perspectiva da UNESCO,“cada pessoa, em todas as fases da vida, deve ter oportunidades de ‘aprendizagem ao longo da vida’para adquirir os conhecimentos e as habilidades de que necessita para satisfazer suas aspirações e contribuir para a sua sociedade”.
Em todo o decurso da escolarização, cabe ao professor tomar a liderança que lhe compete, desenvolvendo empatias, métodos e estratégias de orientação escolar para todos os alunos, particularmente dos que têm necessidades educativas especiais. E o aluno “Mário” pode estar a precisar de uma atitude destas por parte do professor.
Na sala de aulas inclusiva, o professor deve personalizar a relação pedagógica, privilegiando relações carinhosas entre os alunos, e entre eles. É essa prática estratégica que deve ser a base da actividade da professora “Inês”, em relação ao aluno “Mário” de que falamos na “reflexão”.
O professor nunca deve perder de vista que a chave do sucesso escolar de qualquer criança e jovem é o carinho. Deve, por isso, aceitar qualquer aluno tal como ele é, na sua condição de ser diferente.
A maneira do professor se dirigir e se comunicar com todos os alunos, individual e colectivamente, deve ser exemplar e educativa, de modo a estimular o desenvolvimento de relacionamentos e atitudes de respeito, de conhecimento mútuo, de tolerância e de cooperação. Todos os alunos devem ser informados pelo professor, com clareza e sem preconceitos, das características pessoais e das condições de aprendizagem de cada aluno.
Os métodos e as estratégias de ensino-aprendizagem usados pelo professor devem ser participativos, o que requer dele criatividade na tomada de atitudes humanistas e na aplicação de técnicas apropriadas à satisfação das necessidades de aprendizagem de todos os alunos. Quer isto dizer que as atitudes e as técnicas empregues pelo professor deverão flexibilizar a sua prática de bem ensinar, fazendo com que qualquer aluno aprenda, independentemente das suas características pessoais, bem como das condições de ensino-aprendizagem oferecidas localmente.
Mais ainda, a professora “Inês” deve saber que o envolvimento dos pais e encarregados de educação na escolarização dos seus filhos ou educandos deve ser activo. Os pais e encarregados de educação devem ser os primeiros a ter atitudes positivas em relação às necessidades educativas especiais dos seus filhos ou educandos. Para além disso, é importante que acompanhem o rendimento escolar dos seus filhos e educandos.
Deverão, também, ser envolvidos na partilha de informações e ideias sobre os benefícios educacionais da heterogeneidade da turma, de modo a serem eliminadas atitudes preconceituosas e estereotipadas sobre as necessidades educativas especiais, dando-lhes espaço para se pronunciarem sobre a nova realidade escolar dos seus filhos e educandos.
É importante que os alunos, os professores, os pais, os encarregados de educação e toda a comunidade escolar usufruam dos benefícios sociais da participação de crianças e jovens com necessidades educativas especiais nas escolas regulares, pois ela pressupõe a democratização da escola, a melhoria da qualidade de ensino, a promoção dos direitos humanos e a construção duma sociedade igualitária e inclusiva.
Aprofunde seus conhecimentos
Ao destacar-se com ênfase a personalidade humanista do professor é pelo reconhecimento da importância que ele tem na implementação das políticas educacionais inclusivas na sala de aulas regular. A primeira iniciativa que se espera do professor é não negligenciar crianças com NEE e procurar mecanismos para lhes enquadrar. Mesmo que o professor não tenha resultados imediatos, é fundamental reconhecer que só a valorização dos alunos com NEE já é um conteúdo de aprendizagem social. O aluno aprende as formas de relacionamento, o bem- estar, imitando a atitude do professor. É preciso lembrar que qualquer criança é capaz de aprender, desde que haja uma selecção minuciosa das metodologias a serem aplicadas na aprendizagem.