Você tem alguma ideia sobre as estratégias que os professores usam no atendimento a alunos com NEE em turmas regulares? Pense nisso por alguns instantes e partilhe suas ideias com o colega, aos pares
Pode ser que você tenha ou não alguma ideia sobre as estratégias que os professores usam no atendimento aos alunos com NEE, mas nos parece óbvio que o atendimento dos alunos com NEE na sala de ensino regular fundamenta-se igualmente nos princípios de educação inclusiva, porque qualquer estratégia de ensino a ser usada deve garantir a aprendizagem para todos os alunos.
De uma forma geral, para atender os alunos com NEE no sistema educativo, torna-se necessário que a escola aplique as seguintes estratégias:
Para a concretização das estratégias acima referidas é necessário recorrer aos seguintes procedimentos:
A flexibilidade do currículo implica desenvolver currículos que se adaptem a alunos com interesses e capacidades diferentes; equacionar processos de ensino motivadores da aprendizagem, relacionados com a experiência dos alunos e com situações práticas; integrar no processo educativo a avaliação formativa, para assim ser possível, a alunos e professores, ter informações, quer sobre as aprendizagens realizadas, quer sobre as dificuldades ainda existentes, de forma a poder resolvê-las; garantir diferentes formas de apoio aos alunos com NEE, por exemplo: apoio na sala de aulas; programas de compensação educativa; apoio especializado ou por um professor ou por outros técnicos; usar os recursos e ajudas técnicas necessárias ao sucesso educativo e ao acesso ao currículo escolar, facilitando a mobilidade, a comunicação e a aprendizagem de alguns alunos; proporcionar às crianças com NEE apoios pedagógicos suplementares, tendo como referência o currículo comum e não um currículo diferente.
O professor deve ainda fazer uma avaliação da actividade e do desempenho do aluno, a fim de perceber de que forma a sua intervenção foi eficaz, acompanhando, assim, a evolução do aluno.
Uma das formas mais simples de enquadrar todos os alunos no processo de aprendizagem é através da aprendizagem cooperativa. A aprendizagem cooperativa é uma estratégia que contribui para o desenvolvimento de cidadãos mais solidários, facilita a aprendizagem dos alunos que têm mais dificuldades.
A prática pedagógica deve, assim, dirigir-se para todos e ser feita com todos, numa perspectiva de diferenciação inclusiva centrada na cooperação, de modo a que a escola seja uma comunidade hospitaleira. Na perspectiva da escola inclusiva, a responsabilidade da resposta a dar aos alunos, independentemente das dificuldades que alguns possam apresentar, é da escola. Os professores de Educação Especial são um recurso, tal como outros técnicos e a família, que tenham de intervir.
Nesse sentido, esta intervenção, quer ao nível dos professores como ao nível dos outros actores, deverá sempre ser feita em cooperação. A Direcção da escola deve exercer uma liderança eficaz, sensibilizando os professores para ajudarem todas as crianças a aprender, controlando e avaliando a evolução do processo de inclusão, com a certeza de que todos os alunos podem ter sucesso. O professor tem a grande tarefa de promover actividades que mantenham o aluno atento, como jogos de tabuleiro; quebra-cabeça; jogos de memória; palavras cruzadas; caça palavras e tantos outros.
Em termos mais específicos, as estratégias psicopedagógicas de intervenção junto de alunos com NEE devem ser observadas de acordo com o tipo e características de impedimento/deficiência dos alunos, particularmente tendo em conta as suas causas e manifestações (sinais) na sala de aulas. Com efeito, a tabela 20 é ilucidativa quanto a isso.
Quadro 19: Características, causas, manifestações e estratégias psicopedagicas de intervenção face aos impedimentos/deficiência dos alunos
Deficiência Físico-motora - É qualquer défice ou anomalia que se traduz numa dificuldade ou alteração na estrutura física do
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Características |
Causas |
Manifestações na sala de aulas (sinais de alerta) |
Estratégias Psicopedagógicas |
Limitação da auto-estima física; Dificuldades na relação com outras pessoas; Carência afectiva, desde a família, assim como com os colegas; Insegurança; Frequentes frustrações; Falta de força e resistência física. |
Factores ambientais |
Tendência a cair frequentemente; Dificuldades em subir as escadas; Dificuldades em se levantar quando está sentado; Deixar cair frequentemente objectos; Queixa-se frequentemente de dores nos músculos ou articulações. |
Criação de atitudes para o desenvolvimento da destreza, como artes plásticas, musica, atitude rítmica, representação teatral, trabalhos manuais de artesanato, entre outras; Ajudar a família a compreender o deficiência e não super-proteger a criança; Propor à Direcção Pedagógica da Escola para mudar a turma para as salas de fácil acesso do aluno com este deficiência; Construção de rampas de rodagem para facilitar o deslocamento das carrinhas de roda. |
Deficiência Físico-motora - É qualquer défice ou anomalia que se traduz numa dificuldade ou alteração na estrutura física do
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Características |
Causas |
Manifestações na sala de aulas (sinais de alerta) |
Estratégias Psicopedagógicas |
A pessoa não distingue o estímulo luminoso devido a anulação funcional da retina; O cérebro deixa de receber a informação do objecto devido a destruição ou anulação funcional do centro cortical da visão; Falta de conexão da esfera visual do exame psíquico e do acto visual, se não tocar o objecto (isto é, só reconhece se o tocar). |
Algumas doenças infecciosas; Acidentes, ferimentos e envenenamento; Tumores; Deficiências nutricionais (vitamina “A”); Influências pré-natais (conjuntivite); Hereditariedade (catarata, atrofiamento do nervo óptico e albinismo, glaucoma, miopia maligna, daltonismo); Doenças sistemáticas (diabetes, artereosclerose-AVC); Condições ambientais (conjuntivite primaveril e bacteriana). |
O professor deve observar cuidadosamente a aparência da criança: Se tem normalmente os olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes; Aparenta estrabismo; Tem as pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas; Esfregar os olhos com frequência; Inclina a cabeça para frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para ver os objectos que estão perto ou longe; Fecha ou tapa um dos olhos, sacode a cabeça ou esconde-a para frente; Quando deixa cair objectos pequenos, precisa de tactear para encontrar; Pisca muitas vezes os olhos ou fica com eles irritados quando faz trabalhos minuciosos; |
Tanto o educador da infância, como o professor e os colegas, podem facilitar a aprendizagem da criança com dificuldades da visão, dando explicações orais, ao mesmo tempo que a ajudam a copiar movimentos, e por outro lado, a explicação oral deve acompanhar os actos para poder ser partilhada pela criança, e para que ela possa ir relacionando palavras e frases com situações concretas. De entre várias estratégias Psicopedagogicas, podemos destacar as seguintes: Decoração de paredes da sala de aulas com cores vivas e não as ultra-violetas; Na aquisição de conceitos deve haver uma associação directa entre a palavra e o objecto; Manter os alunos em posições fixas, espaços fáceis de movimentação; A linguagem deve ser pausada compreensível; |
Aproxima muito a vista naquilo que lê e escreve; Tem dificuldades em copiar no quadro, livro ou caderno; Tem dificuldades em completar tarefas escolares longas que impliquem um emprego excessivo da vista especialmente quando o tempo é limitado; Fica confusa com pormenores que surgem em mapas, gráficos ou diagramas e tem uma letra demasiada pequena, grande ou destorcida. Se a criança apresenta vários destes sinais, o professor deve alertar aos pais para que ele seja levado aos cuidados médicos. |
Uso de gravadores, vídeos, retroprojectores, gravuras, desenhos, gestos acompanhados de linguagem clara, expressiva e pausada; Manter o quadro limpo e escrever com caligrafia legível e visível. |
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Deficiência Auditiva (surdez)- Quando o indivíduo tem dificuldades na audição, ou se tiver perdido completamente toda capacidade de audição. (Baixa audição)– Quando a sensibilidade auditiva é muito baixa ou insistente, quando é determinada pelo nível médio de percepção de um estímulo |
Características |
Causas |
Manifestações na sala de aulas (sinais de alerta) |
Estratégias Psicopedagógicas |
Dificuldades na compreensão da linguagem que se lhe dirige; Realiza grande esforço para entender os movimentos lábio-facial do professor e dos colegas; Sérias dificuldades na pronunciação (omissão, substituição de fonemas, diferenças na constituição gramatical); Linguagem que se reflecte na leitura e na escrita. |
Pré-natais Hereditariedades – aquelas natas que são transmitidas pelos pais aos seus filhos. Manifestações congénitas por alterações cromossomicas – a perda auditiva é causada por manifestações congénitas adquiridas pelo embrião, devido algumas doenças que a mãe contrai durante a gravidez tais como: infecções intra-uterinas (álcool, calmantes); alterações endócrinas (bócio), agentes físicos (raio x). Durante o parto Intoxicação, incompatibilidade sanguínea (factor RH que pode provocar danos no sistema nervoso). Pois parto Os problemas auditivos têm como origem em doenças que a criança contrai após o nascimento como: Doenças infecciosas bacterianas, virose (encefalite, varicela, hepatite), intoxicação por alguns medicamentos. |
Parece haver algum problema físico associado ao ouvido; Há pouca articulação dos sons principalmente omissão dos sons consoantes; Quando vê TV, o aluno aumenta o volume; Há pedidos frequentes no sentido de repetir o que acabou de ser dito; O aluno não responde ou é desatenta quando se fala com ele em voz normal; Utiliza palavras isoladas em vês de frases completas; Aparentemente está tensa ou demasiado ansioso; Adormece frequentemente durante a aula; Tem dificuldades em aprender a divisão silábica; Dinstruções orais. |
O professor Falar claro e pausadamente; Falar sempre de frente e evitar movimentos constantes; Evitar falar a fumar ou na escuridão; Não tapar os lábios; Fazer com que o rosto não fique coberto; Repetir pacientemente o que o aluno não entende; Empregar uma linguagem gestual; Usar uma linguagem pausada acompanhada de gravuras, desenhos, vídeos e outros materiais que facilitam uma boa comunicação. |
Outras causas Rubéola Materna – também conhecida por sarampo alemão, são vírus que afectam a mãe durante os primeiros meses de gravidez, os seus efeitos sobre a criança são muitas vezes bastante sérios. Nascimento Prematuro – as crianças nascidas com peso de 2,5 kg, ou menos, são geralmente consideradas prematuras. O nascimento prematuro é a causa da surdez em 53,7% entre 1000 crianças matriculadas nas escolas para deficientes auditivos. Também é a causa da deficiência mental. |
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Deficiência Mental - Refere-se ao funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média (Q.I. de 85), que coexiste com falhas no comportamento, adaptação e se manifesta durante o período de desenvolvimento, em consequências de lesões cerebrais. Um aluno tem um atraso de desenvolvimento intelectual quando a sua compreensão da realidade (pessoas, objectos, acontecimentos) e do modo como se adapta e lida com ela não corresponde aos esperados para maioria dos alunos da sua idade. |
Características |
Causas |
Manifestações na sala de aulas (sinais de alerta) |
Estratégias Psicopedagógicas |
Sentimento de fracasso do que as crianças normais; Desenvolve maiores expectativas generalizadas ao fracasso; Entra em situações novas com desempenho geralmente debilitado, até mesmo abaixo da sua habilidade mental; |
Infecções e intoxicações por meningite; Trauma ou agente físico causada por irradiação intra-uterina excessiva; Metabolismo ou nutrição; Doença cerebral grave; Influência pré-natal e pós-natal desconhecida; Influências ambientais; Anormalidade cromossomicas (síndrome de down); Distúrbio de gestação. Dependência, inconstância, humor variável egocentrismo; Incapacidade de adaptação social. |
Domínio do pensamento concreto sobre o abstracto; Falta de juízo crítico; Incapacidade de prever situações; Perturbações na linguagem; Dificuldade de concentração; Interesses limitados; Transtornos sensoriais motores; Perturbações afectivo-motivacionais; |
Trabalhar com número reduzido de alunos para individualizar o ensino para melhor conhecer as possibilidades de cada aluno; Providenciar um ensino que se apoie mais largamente no concreto (actividades práticas); Um ensino que dê relevo a observação de objectos, manipulação de material e descrição de situações concretas; Diversificar as actividades em tempos curtas; Para que a criança tire proveito das actividades escolares é necessário que essas actividades não aborreçam-na, mas que se interesse por elas; É importante proporcionar a expressão corporal, o desenho, o trabalho manual, a música e a Educação física, porque isso dá oportunidade as crianças de desabrocharem os seus sentimentos e pensamentos. |
Transtornos da Linguagem - São situações críticas ou obstáculos na fala e na representação de sinais gráficos que resultam numa palavra sem sentido. |
Características |
Causas |
Manifestações na sala de aulas (sinais de alerta) |
Estratégias Psicopedagógicas |
Hiperactividade (crianças muito traquinas); Isolamento; Passividade; Medo; Ansiedade; Fuga da escola; Roubo; Agressividade. |
Ambiente social medíocre ou caótico; Ambiente familiar (problemas de divorcio); Factores biofísicos; Super protecção dos pais. |
Fuga da escola; Linguagem inconveniente; Frequentes explosões de comportamento; Chora e parece deprimido quase sempre; Aluno desatento, moroso e preguiçoso na escola; Retira os bens dos outros e do professor; Agita os colegas e procura mais tarde distanciar-se da confusão por ele criada. |
Mandar apagar o quadro, sacudir o apagador e afiar o lápis; Atribuir encargos sociais (chefe do grupo, turma, etc.) Mandar realizar trabalhos no quadro; Concordar com as suas respostas e procurar maneiras de o levar a compreender os seus erros; Realizar várias tarefas na sala de aulas e na escola em geral na forma estimulante; Proceder da maneira mais correcta na abordagem das questões deficientes das suas actuações; Dar afecto, simpatia, confiança e segurança ao aluno sobre o que realiza. Quanto a fuga da escola Orientar actividades diversas para despertar interesse e motivação para a escola; Dar tarefas de responsabilidade na sala de aulas. |
O atendimento às crianças com NEE na escola regular é garantido pelo envolvimento activo do professor, da escola, da comunidade e dos serviços multidisciplinares. É um processo que inicia com a identificação do aluno com NEE e culmina com o seu atendimento. A forma mais activa de envolver todos os alunos é através da aprendizagem cooperativa e de actividades diversificadas que o professor pode implementar, tais como: jogos, histórias, observações, “lengalengas”, simulações, demonstrações, uso adequado de recursos didácticos para que todos os estilos de aprendizagem estejam integrados.
As adaptações curriculares não implicam a elaboração de outro conteúdo, mas sim a criação de exercícios que tenham como base o currículo original.
O professor precisa de compreender que uma criança com NEE pode apresentar obstáculo numa área de aprendizagem, mas tem outras potencialidades por desenvolver. Por exemplo: uma criança com NEE físico-motora é capaz de aprender diversas disciplinas, tais como, Matemática e Português. O mais importante é o professor ajudar o aluno a desenvolver a habilidade num clima em que se reconheçam as diferenças, valorizando o comportamento de interajuda.
O professor deverá pesquisar mais sobre o tema e conversar com a direcção da escola e com os pais, caso precise de apoio para ensinar melhor um aluno com deficiência ou dificuldades de aprendizagem, tais como, por exemplo: a dislexia, a dislalia e a discalculia.