Módulo 2 | Textos Literários

Aula 2.1Texto Narrativo

Oralidade

1. Fale com o seu colega mais próximo sobre o seguinte:

  1. Acha que cada um deve escolher o seu parceiro para o casamento ou devem ser os pais? Porquê?
  2. Que vantagens/desvantagens tem cada uma das opções? Porquê?
  3. E se os pais escolhem o parceiro para uma filha ainda menor? Que problemas advêm daí? Qual é o papel do professor nesses casos?

2. Preparem bem as vossas ideias porque vão ser apresentadas a toda a turma.

Texto

Leia atentamente o texto e responda ao que se segue:

A Menina que não falava

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.

O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não se riu nem pronunciou uma só palavra.

O rapaz desistiu e foi-se embora. Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna, mas ninguém conseguiu fazê-la falar. O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apresentou-se aos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais redarguiram:

O rapaz insistiu e suplicou que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam. O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los. Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:

O rapaz começou a rir-se e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão. Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. O assunto foi discutido pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.

Conto tradicional moçambicano

Compreensão do texto

Leia atentamente o texto e responda ao que se segue:

    1. Pode-se afirmar que a menina desta história fosse muda? Porquê?

    2. Por que não falava? Imagine razões para tal e apresente-as aos seus colegas de grupo. Discuta com eles as razões que cada um imaginou.

    3. Os pais da menina puseram uma condição para que o rapaz se casasse com a filha. Qual?

    4. Leia o terceiro parágrafo e complete a frase: Embora o rapaz fazer a menina falar, ele não , ela não falava.

    5. Ponha-se no lugar do rapaz e conte aos seus colegas uma coisa engraçada que pudesse fazer rir a rapariga.

    6. Todos os pretendentes da rapariga tinham algo em comum. O quê?

    7. - Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê- -la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!

    Complete a frase com base neste trecho: A resposta dos pais da rapariga mostra que eles _________________ .

    8. Com que finalidade o último rapaz pediu à rapariga que fossem juntos à sua machamba?

    9. O que aconteceu de extraordinário na machamba e fez com que a menina falasse?

    10. Na sua opinião, por que razão a questão foi discutida pelos anciãos da aldeia?

Vocabulário

Vamos explorar as ideias do texto para o compreendermos bem. Comecemos por alargar o nosso vocabulário fazendo alguns exercícios a respeito:

1. Ligue as duas colunas de modo a obter pares sinónimos:

A

B

1.

aceder

a.

riqueza

2.

insultar

b.

retornar

3.

perguntar

c.

ofender

4.

desistir

d.

responder

5.

fortuna

e.

renunciar

6.

redarguir

f.

indagar

7.

regressar

g.

concordar

2. Complete o quadro com outros sinónimos e com antónimos das palavras que se seguem:

Palavra do texto

Sinónimos

Antónimos

a. bonita

b. regressar

c. responder

3. Apresente palavras da mesma família de cada uma das seguintes:

  1. rapariga______________ ,______________ ,______________ .
  2. insignificante______________ ,______________ , ______________.
  3. apresentável______________ ,______________ ,______________ .
  4. regressar ______________,______________ ,______________ .

4. Substitua as expressões destacadas por outras equivalentes em cada caso e faça adaptações se necessário:

  1. Como se queria casar…

    ______________ se queria casar…

  2. A questão foi discutida

    _________foi discutido…

    A questão foi _________

  3. Após este rapaz apareceram outros.

    ______________ estes rapazes apareceram outros.

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Ortografia

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como queria casar-se com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto…. O rapaz desistiu e foi-se embora.

Leia o trecho anterior em voz alta. Preste atenção à forma como pronuncia o em cada palavra destacada.

O que nota? Pronuncia-se sempre da mesma maneira? Certamente que não! Umas vezes parece u: certo; outras, é muito aberto embora; outro é intermédio como, isto é, nem tão aberto como em embora nem tão fechado como em certo.

Organize as palavras destacadas considerando as três formas de pronunciar o tendo em conta o que se destaca em cada palavra: certo, muito, bonita, por, apaixonou-se, apaixonou-se como, como, no, outro, outro, foi, os, do, assunto, embora.

O aberto

O semiaberto

O fechado

embo ra

co mo

Certo

Com base no levantamento que fez, pode tirar uma conclusão:

O o pode ser pronunciado de três maneiras distintas. Se não for acentuado, no final de palavra pronuncia-se como se fosse u. Isto é muito importante para a ortografia. Preste sempre atenção a este pormenor.

O seu formador vai fazer um ditado para verificar se representa graficamente as três maneiras distintas de pronunciar o.

Funcionamento da língua

A - Ponto de interrogação (?) Ponto de exclamação (!)

Lembra-se dos sinais de pontuação? Repare na resposta dos pais ao pretendente pobre:

Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê- la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!

1. Tu é que vais conseguir?

É uma pergunta e é marcada pelo ponto de interrogação (?):

Ponto de interrogação – usa-se em frases interrogativas directas, mesmo quando não se espera resposta como neste caso.

Nota: a) interrogativa directa: …tu é que vais conseguir?

b) interrogativa indirecta: pergunto se tu é que vais conseguir.

2. Nem penses nisso!

É uma ordem (frase imperativa na negativa). Por isso, se usou o ponto de exclamação (!). O ponto de exclamação usa-se no fim de uma frase para indicar surpresa, prazer, dor, alegria, entusiasmo, revolta, cólera, ordem. Normalmente aparece:

  1. em frases imperativas: Entrega-me a enxada! Quero sachar.
  2. com o vocativo: Menina! Vais casar com este rapaz.
  3. com interjeições: Oh! Estás a fazer uma coisa estranha.

Nota: Algumas vezes as perguntas misturam-se com surpresa, indignação, alegria. Então, usa-se o ponto de interrogação seguido pelo ponto de exclamação:

B – Análise sintáctica

Vamos recapitular a análise sintáctica? Comecemos por rever os conceitos principais aplicados à frase:

O rapaz contou uma anedota à rapariga.

Sujeito: ser (real ou imaginário), pessoa, animal, coisa sobre a qual se faz uma afirmação (ou negação); entidade de que se fala.

Pode estar expresso ou ser subentendido pelo contexto.

Quem é que + Verbo + complementos? Quem é que contou uma anedota à rapariga?

R: o rapaz= Sujeito

Predicado: afirmação (ou negação que se faz sobre o sujeito).

contou uma anedota à rapariga

Complemento directo: substantivo que complementa o significado do verbo; é exigido pelo verbo. De outro modo, a frase fica incompleta.

O que é que + sujeito + Verbo?

O que é que o rapaz contou à rapariga? R: uma anedota= Complemento Directo

Complemento indirecto: ser que beneficia da acção do verbo, geralmente pessoa ou animal.

A quem é que + sujeito + Verbo + complemento directo?

A quem é que o rapaz contou uma anedota?

R: à rapariga= Complemento indirecto

Complemento oblíquo: grupo adverbial ou preposicional que complementa o significado de certos verbos

O rapaz falou com os pais da moça.

A menina vinha de casa.

Copie do texto os três períodos simples, ou seja, todos os que tenham uma só oração. Vamos agora analisar sintacticamente cada uma das orações desses períodos simples:

  1. Esta nossa filha não fala.

    Sujeito: esta nossa filha

    Predicado: não fala

  2. O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante.

    Sujeito: o último pretendente

    Predicado: era um rapaz sujo, pobre e insignificante

    Nome predicativo do sujeito: sujo, pobre e insignificante

  3. Os pais acederam.

Sujeito: os pais

Predicado: acederam

Antes dissemos que o sujeito pode estar expresso ou ser subentendido. É fácil identificá-lo quando está expresso. E quando não está? O contexto ajuda-nos nisso. Quer dizer, nalgum momento do discurso terá sido referido o sujeito. Depois, como não é preciso estarmos sempre a mencioná-lo, ele é omitido. Se tivesse de ser referido sempre o discurso seria cansativo. Imagine isto:

Um rapaz apaixonou-se por uma menina. O rapaz foi falar com os pais da rapariga. O rapaz teve de enfrentar um desafio: fazer a menina falar. O rapaz não conseguiu fazer a menina falar. Então, o rapaz desistiu e o rapaz foi-se embora.

Viu quantas vezes se repetiu rapaz? Pois, seria mais agradável que fosse sendo substituído por um pronome, um sinónimo ou fosse mesmo omitido porque já sabemos de quem estamos a falar.

Um rapaz apaixonou-se por uma menina. Ele foi falar com os pais da rapariga. Teve de enfrentar um desafio: fazer a menina falar. Não conseguiu fazer a menina falar. Então, desistiu e foi-se embora.

Ou

Um rapaz apaixonou-se por uma menina. O moço foi falar com os pais da rapariga. Teve de enfrentar um desafio: fazer a menina falar. Não conseguiu fazer a menina falar. Então, o jovem desistiu e foi-se embora.

Na frase Não conseguiu fazer a menina falar não temos o sujeito expresso, mas é possível subentendê-lo, deduzi-lo porque ele existe, está apenas oculto. Se aplicarmos a pergunta para identificar o sujeito: quem é que não conseguiu fazer a menina falar? Podemos obter a resposta, ajudados pelo contexto: o rapaz.

É nestas condições que podemos deduzir de quem ou de quê se está a falar, que dizemos que estamos perante um sujeito oculto ou subentendido. Esta estratégia evita a repetição do sujeito e a forma do verbo também ajuda nesse propósito.

Verbos como ver, dizer, entregar, pedir, entre outros, exigem um complemento directo, isto é, um complemento que se liga directamente ao verbo. Entretanto, há outros verbos que também precisam de ser complementados, mas de maneira diferente como ir, voltar, passar, concordar, casar-se, entre outros. Nestes casos entre o verbo e o complemento coloca-se uma preposição:

O rapaz voltou da machamba.

Ele e a rapariga foram à machamba.

A rapariga passou pela casa dos tios.

Os pais da rapariga concordaram com a ideia dos anciãos.

O jovem casou-se com a rapariga.

Esse complemento chama-se complemento oblíquo. Nestas frases destacamos o predicado todo, sublinhando-o, e destacamos o complemento oblíquo a vermelho.

Ficha Informativa

Veja nesta tabela alguns verbos e as preposições com que devem ocorrer. Complete o quadro. Lembre-se que a preposição pode contrair com o artigo ou pronomes:

Verbos

Frases exemplo

Verbos

Frases exemplo

aborrecer-se com

A Maria aborreceu-se com a amiga.

sonhar com

abrir-se com

bater em

discordar de

Todos descordam dessa ideia.

graduar-se em,

lembrar-se de

O Pedro lembrou-se de abrir as janelas.

distribuir por

separar-se de

O Júlio separou-se dos seus amigos às duas horas.

embrulhar com

aplicar-se a

preocupar-se com

confiar em

C - Discurso directo e indirecto

Na história do texto que lemos, as personagens falam umas com as outras.

Umas vezes lemos o que elas dizem directamente a uma outra personagem. Aqui temos o discurso directo:

Entretanto, há outros momentos em as personagens não falam directamente umas com as outras, mas sabemos o que elas dizem graças ao relato do narrador que nos transmite o que elas disseram. Podemos imaginar um diálogo nestes termos:

Tudo isto é relatado pelo narrador deste modo:

O rapaz insistiu e suplicou que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.

Dizemos que o narrador usou o discurso indirecto para nos transmitir as falas directas das personagens.

Vemos por aqui a predominância de tempos do passado, mas não é a única característica.

Ora, quando o narrador passa do discurso directo para o indirecto, aplica uma série de regras, como se resume no quadro seguinte:

Alguns aspectos a verificar

Discurso directo

Discurso indirecto

Sinais de pontuação

Dois pontos

Travessão

Aspas

Ponto de interrogação

Ponto de exclamação

Ponto final

Verbos introdutórios

(declarativos e de afirmação)

Dizer, contar narrar, pedir, responder, retorquir, redarguir, etc.

Verbos introdutórios

(de inquirição)

Perguntar, interrogar, questionar, indagar, inquirir

Alguns verbos plenos

vir

trazer

ir

levar

Alguns aspectos a

verificar

Discurso directo

Discurso indirecto

Modos e tempos verbais

Indicativo

Indicativo

Presente

Pretérito imperfeito

Pretérito perfeito

Pretérito mais que perfeito composto

Futuro

condicional

Conjuntivo

Conjuntivo

Presente

Pretérito imperfeito

Futuro

Pretérito imperfeito

Imperativo

Pretérito imperfeito ou infinitivo pessoal com a preposição para

Pronomes

1ª pessoa

2ª pessoa

Só 3ª pessoa

Meu, teu/seu, dele/a

dele, dela

Nosso, vosso, deles/delas

deles, delas

Expressões de lugar

aqui

ali

neste lugar

naquele lugar

naquele lugar

a

naquele lugar

Demonstrativos

este, esta, estes, estas

aquele, aquela, aqueles, aquelas

esse, essa, esses, essas

aquele, aquela, aqueles, aquelas

isto

aquilo

isso

Alguns aspectos a

verificar

Discurso directo

Discurso indirecto

Expressões de tempo

hoje

nesse dia/naquele, dia

amanhã

no dia seguinte

agora, já

então, naquele momento

logo

depois/mais tarde

na semana passada

na semana anterior

na próxima semana

na semana seguinte

Vocativo

nome do interlocutor

o vocativo desaparece e a expressão correspondente passa a complemento indirecto

frase interrogativa directa

frase interrogativa indirecta

Nota: O pretérito imperfeito não muda.

Ex. a) Discurso directo:

Filhotes, hoje vamos sair mais cedo. A caça rareia.

b) Discurso indirecto:

O leão disse aos filhotes que naquele dia iam sair mais cedo e acrescentou que a caça rareava.

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Género textual

Ficha Informativa

O texto “A menina que não falava” é narrativo: apresenta um conjunto de elementos característicos deste género, designadamente narrador, personagens, acção, tempo, lugar e enredo.

Narrador – quem conta a história. O narrador pode ser apenas um observador (narrador não participante) ainda que possa conhecer todos os detalhes da história como ambientes, as personagens e suas tensões, etc., ou uma das personagens, portanto, participante na história.

Neste texto não sabemos quem conta a história porque ela é contada na terceira pessoa, por alguém que parece ter presenciado todos os factos de longe, mas não participa das acções, não é uma das personagens.

Não se deve confundir narrador com autor. Quem conta a história é narrador, que pode ser também personagem. Nesse caso, pode dizer: “Há muito tempo, ouvi falar de uma menina bonita, mas que não falava…”. O narrador será uma das personagens da história e por isso vai narrar a história na primeira pessoa: eu.

Autor – quem escreve a história. Algumas histórias não têm um autor concreto, como são os contos, fábulas e lendas populares. São de criação popular ou a identidade do seu autor perdeu-se na memória do tempo e hoje aparecem como sendo de criação popular.

Tempo – momento em que decorrem as acções narradas no texto. Pode ser cronológico se segue a ordem dos acontecimentos ainda que possa haver uns saltos para antecipar ou regressar a determinadas acções e pode ser psicológico quando o narrador recorda factos passados ou imaginários.

No caso do nosso conto, é um passado não exacto, mas temos a expressão certo dia com que se inicia a história.

Espaço – é o ambiente em que se desenrolam os acontecimentos. Assim o ambiente pode ser:

Físico – lugar propriamente dito, meio interior ou exterior onde as personagens se movem como aldeia, vila, floresta, sala, cidade, país…O meio físico também condiciona o desenvolvimento dos factos.

Social – refere-se às características socioculturais das personagens tendo em conta o nível cultural, económico, religioso, classe social…, o que vai determinar a sua conduta personagens no desenrolar dos acontecimentos.

Psicológico – clima íntimo que pode ser de amor, aventura, medo, alegria, agressividade, tranquilidade…

Neste conto, o espaço físico é uma aldeia no geral como se pode deduzir da passagem A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia. Há outro conjunto de acções que se passam na machamba: pediu à rapariga para irem à sua machamba.

Personagem - qualquer ser que actua na história. Normalmente é uma pessoa, mas também pode ser um animal, um objecto, um ser imaginário, desde que seja personificado, isto é, com características humanas. As personagens são fundamentais para o desenrolar da narrativa: graças às suas acções se desenvolve a história.

Conforme a importância do seu papel podem ser principais se o seu papel na intriga é importante ou secundárias se desenvolvem acções de pouca importância para o enredo, estão em segundo plano ou auxiliam as personagens principais.

No conto em estudo temos várias personagens: a rapariga, os seus pais, o pretendente que a fez falar, os anciãos da aldeia e os restantes pretendentes. Destas personagens todas, as principais são a rapariga, o rapaz e os pais da rapariga.

Enredo, trama ou intriga - é o esqueleto da narrativa que sustenta a história apresenta o desenvolvimento da história, com o surgimento de personagens e a existência dos conflitos. É o conjunto das acções sucessivas executadas pelas personagens na narrativa, a fim de criar sentido ou emoção no leitor. O enredo pode ser linear, não linear, psicológico e cronológico.

No conto em estudo o enredo vai desde que um rapaz se apaixona pela rapariga até quando se organiza o casamento.

Estrutura do texto narrativo

Principais partes

Descrição

Exemplo

Apresentação,

introdução ou

situação inicial

Nesta parte inicial apresentam-se os personagens, o ambiente e o tempo onde se desenvolverão as acções da narrativa

Certo dia um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela

Desenvolvimento

É parte em que decorre grande parte das acções que compõem a trama e o foco reside nas personagens

Como se queria casar com ela, (…) o rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar.

Clímax

Parte do desenvolvimento da história em que a narrativa atinge o seu ponto mais emocionante, em que a tensão na narrativa é maior e a partir da qual se começam a resolver os conflitos narrados

Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar dom os seus produtos, perguntou-lhe:

- O que estás a fazer?

Desfecho,

conclusão ou desenlace

Momento final da narrativa quando a história chega ao seu fim, todos os conflitos e acontecimentos que deram origem à intriga cessam

O rapaz começou a rir-se…. E organizou-se um grande casamento.

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Exercício

Algumas acções são desencadeadas pelas personagens secundárias e outras pelas personagens principais. Com base nas acções que se apresentam a seguir vamos ver quais são de personagens principais e quais de personagens secundárias. Organize-as no seu caderno tendo em conta as categorias:

Rapariga

Pais

Primeiro

pretendente

Último

pretendente

Outras

personagens

  1. não se riu nem pronunciou uma só palavra
  2. um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela
  3. foi ter com os pais da rapariga
  4. aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la
  5. desistiu e foi-se embora
  6. apresentou-se aos pais
  7. a menina perguntou-lhe: - O que estás a fazer?
  8. suplicou que o deixassem tentar a sorte
  9. pediu à rapariga para irem à sua machamba
  10. começou a sachá-los
  11. começou a rir-se, disse para regressarem a casa para junto dos pais
  12. contou o que se tinha passado na machamba
  13. responderam os pais da rapariga
  14. os pais acederam
  15. regressaram a casa para junto dos pais
  16. começou a rir-se
  17. chegaram
  18. a questão foi discutida na aldeia

Reparou que, embora todas as acções concorram para o avanço da história, as personagens principais têm mais acções que as restantes?

Descrições

Além das acções, o texto narrativo contempla descrições: das personagens, do tempo em que decorre a história, do lugar onde decorrem as acções.

No caso do conto que estamos a analisar temos descrições:

das personagens:

uma rapariga muito bonita.

alguns [pretendentes] com muita fortuna

O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro

de lugar: a machamba estava carregada de muito milho e amendoim.

Para a descrição, seja do que for, é essencial o uso de:

  1. adjectivos: bonita, sujo, pobre, insignificante, apresentáveis, carregada
  2. ou de locuções adjectivas, isto é, expressões que equivalem a um adjectivo: com muita fortuna, com muito dinheiro.
  3. verbos de ligação seguidos de adjectivos: se a história é contada no passado, como é comum, estes verbos são usados no pretérito imperfeito:

    – O último pretendente era um rapaz sujo.

    – A machamba estava carregada de muito milho.

Subtipos de narrativa literária

Existem vários subtipos de textos narrativos literários e com extensões diferentes. Os menos extensos são o conto, a fábula, a lenda. Todos eles têm personagens, narrador, tempo, lugar e acções. Então, qual a diferença entre eles?

Procure num dicionário o significado de cada um deles e faça uma breve descrição de cada tipo. Se percebeu bem, deve estar a classificar as histórias que ouvia quando criança ou ainda hoje junto dos mais velhos.

Coloque títulos de histórias correspondentes na coluna Histórias exemplificativas:

Subtipos de narrativa

História exemplificativa

Lenda: narrativa fantástica, de carácter popular, transmitida principalmente por via oral, de geração para geração.

As lendas podem combinar factos reais com factos não reais. Geralmente dão explicações plausíveis parcialmente aceitáveis para questões misteriosas e difíceis de serem provadas pela ciência.

1.

2.

Conto: texto narrativo de curta extensão e com o conjunto de acções simples e lineares.

1.

2.

Fábula: - texto literário curto cujas personagens são animais com características e comportamento humanos.

As fábulas têm carácter educativo aproximando o dia-a-dia das pessoas com as histórias vividas pelas personagens. Geralmente, no final, apresenta-se a moral da história.

1.

2.

Produção Escrita

Já deve ter ouvido narrar o conto A rapariga que não falava ou alguma variante do mesmo. Apresente, por escrito, outra versão deste conto. Procure usar:

Se não conhece nenhuma variante deste conto, narre um outro, procurando escrever correctamente e usando vocabulário diversificado e preciso.

Não se esqueça de organizar a sua história em períodos e parágrafos e de indicar devidamente a fala das personagens, se for caso disso.

Oralidade

Uma vez que já escreveu o seu conto, vai narrá-lo para um público, mas antes vai ver dois vídeos em que alguém narra um conto popular. Observe como usa a voz para diferenciar as personagens e o narrador, veja os movimentos e entoação da voz e os gestos.

Agora é a sua vez: conte a história que escreveu aos colegas da turma ou à turma com que trabalha na escola anexa. Conte a história, não a leia. Se houver partes cantadas, cante-as: faz parte do processo de narrar.

Se for contar aos seus alunos, vá interagindo com eles, por exemplo, pedindo para darem palpites sobre o que vai acontecer, ou para se colocarem no lugar de uma das personagens... Isto é uma boa oportunidade de desenvolver a sua oralidade.

Em ambos os casos, tem de ser expressivo, dinâmico e dramático, deve pôr a audiência em suspense, em tensão, esperando pelo que vai acontecer a seguir devido à forma como narra o conto!

Resumo

  1. em frases imperativas: Entrega-me a enxada! Quero sachar.
  2. com o vocativo: Menina! Vais casar com este rapaz.
  3. com interjeições: Oh! estás a fazer uma coisa estranha.

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Investigação

Recolha histórias tradicionais da zona onde se localiza o seu instituto. Para o efeito, tem que falar com vários habitantes da zona. Peça para que lhe narrem histórias, se puder, grave-as no seu celular ou tome notas. Uma vez recolhidas, transcreva-as e classifique-as em lenda, conto ou fábula.

Leitura

Leia o texto que se segue e responda às perguntas:

O coelho e o macaco

O coelho e o macaco eram muito amigos. Um dia, o coelho disse:

Quando começaram a abrir o campo, o macaco ria, saltava, brincava e trabalhava pouco. O coelho tirou o capim, cavou, semeou quase toda a machamba praticamente sozinho.

Chegou a altura da colheita. O coelho tirava o amendoim e punha no saco. O

macaco tirava-o e comia-o imediatamente.

O coelho ficou furioso e resolveu castigar o companheiro porque, se continuassem daquela forma, estava a ver que não tiraria qualquer proveito do seu trabalho. Aproveitou então uma altura em que o macaco estava a saborear uma grande quantidade de amendoim e enterrou-lhe a cauda de forma que não pudesse tirá-la.

Na altura de largar o trabalho, disse o coelho:

O macaco gritou chamando por ajuda. Passado algum tempo, apareceu o coelho todo ofegante:

O coelho fingiu que o ajudava, fez algum esforço. De repente, desistiu:

Quando o macaco ouviu o nome do leopardo, pôs-se aos gritos e suplicou ao coelho que lhe cortasse a cauda.

Era o que o coelho queria. Cortou-lhe a cauda e levou-a consigo.

Quando chegou a casa, cozeu-a juntamente com o amendoim que ia oferecer ao macaco. Este, apesar das dores, como era comilão, apresentou-se em casa do coelho para o jantar.

Começou a comer com sofreguidão até verificar que aquela carne não passava d sua própria cauda. Ficou furioso, quis agredir o coelho; este fugiu. A lamentar-se com as dores, o macaco foi-se embora. Desde esse dia, o macaco e o coelho não cultivam juntos.

Contos do Vale do Zambeze

Lourenço do Rosário

Compreensão do texto

Depois de ler o texto, assinale com P as afirmações correctas. Transcreva do texto as passagens precisas que lhe permitem aceitar ou rejeitar as afirmações. Não se esqueça que, sendo transcrições, deve usar aspas no início e no fim.

  1. O coelho e o macaco decidiram abrir uma machamba de amendoim e ambos trabalhavam arduamente.

    ________________________________________________________________

  2. Já no momento da colheita o macaco colaborou.

    ________________________________________________________________

  3. O coelho não gostou nada da atitude do macaco.

    ________________________________________________________________

  4. O macaco não se deu conta de que o amigo estava a enterrar a sua cauda porque estava concentrado na colheita.

    ________________________________________________________________

  5. De facto, o coelho não tinha pressa nenhuma para ir para casa.

    ________________________________________________________________

  6. O coelho nem quis saber da desgraça do amigo.

    ________________________________________________________________

  7. Todo o esforço do coelho foi insuficiente para ajudar o macaco.

    ________________________________________________________________

  8. A ideia de o macaco ser comido por um leopardo assustava-o.

    ________________________________________________________________

  9. Na verdade, o que o coelho queria era que o amigo fosse comido por um leopardo.

    ________________________________________________________________

  10. Posto perante a possibilidade de ser comido por um leopardo, o macaco preferiu perder a cauda.

    ________________________________________________________________

  11. O desejo do coelho era apanhar a cauda para cozinhar com amendoim para o seu jantar.

    _______________________________________________________________________________

  12. O macaco estava com tantas dores que não jantou.

    _______________________________________________________________________________

  13. O coelho foi agredido pelo macaco quando este descobriu que estava a comer a sua própria cauda.

    _______________________________________________________________________________

  14. Os dois animais fizeram as pazes e hoje em dia partilham campos agrícolas.

    _______________________________________________________________________________

2. Com o seu colega de carteira, respondam às seguintes questões:

  1. Indiquem factos sociais condenáveis, que acontecem na sociedade moçambicana, relacionados com os deste conto.

    _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________

  2. Proponha soluções para esses factos.

    _______________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________________________