Módulo 6 | Ensino-Aprendizagem do Vocabulário

Aula 5 | Técnicas de Avaliação da Aprendizagem do Vocabulário

Na produção oral e­/ou escrita, o aluno reconstrói o vocábulo de maneira criativa, ou seja, adapta e inventa, de acordo com as necessidades e o contexto considerado. É nesta fase que o professor consegue avaliar se os vocábulos foram realmente aprendidos pelos alunos ou não.

Como se pode observar, é bastante difícil seleccionar apenas um tipo de actividade para averiguar o que foi realmente aprendido em termos de vocabulário, uma vez que cada actividade visa contemplar um aspecto específico da língua, partindo-se da relevância do conteúdo e do interesse do aluno. A maneira mais apropriada para verificar se o aluno realmente o adquiriu é observar se ele consegue tornar o novo vocábulo significativo nas interacções estabelecidas no seu dia-a-dia, utilizando-o de forma contextualizada. Para que isso aconteça, é preciso que o professor crie situações, dentro e/ou fora do contexto escolar, de uso desse vocabulário por parte de seus alunos, de forma a que eles possam atingir os seus objectivos sociais por meio de sua própria actuação ou performance linguística.

Nota: Pode-se recorrer a outras formas de avaliação do vocabulário dos alunos, tais como a organização de produções e exposições orais e escritas, a partir do documentos visuais e/ou sonoros e imagens sugestivas.


Sugestões de actividades para o desenvolvimento do vocabulário

Nas suas aulas, o professor pode propor para os seus alunos actividades, como por exemplo:


1. Tópicos do vocabulário: profissões e ferramentas ou instrumentos de trabalho

Objectivos:

Desenvolvimento da actividade:


2. Tópicos do vocabulário: Peças de vestuário e calçado

Objectivos:

Tempo estimado: 30 a 40 minutos

Desenvolvimento da actividade

  1. O professor leva para a sala de aula gravuras de diferentes tipos de roupa e de calçado recortadas em revistas, fotografias, jornais ou de outras fontes.
  2. O professsor divide a turma em dois grupos e distribui as gravuras e/ou fotografias em cima das carteiras, como se fossem as próprias peças e calçado numa loja. Depois, orienta os alunos a:
    • Fazerem a lista de compras para três pessoas de diferentes idades e sexo, em roupa e calçado;
    • Escreverem detalhes relativos ao tamanho, cor, estilo (modelo), material usado na confecção das peças de acordo com a faixa etária e sexo. Depois, o professor orienta a determinação do grupo de vendedores e de clientes;
    • Comprarem e pagarem à vista, a prazo, com o cartão de crédito, cheques e a solicitarem descontos, etc.

Os clientes fornecem detalhes sobre o artigo/produto e os vendedores devem localizar nas gravuras o que o cliente procura. Deste modo, explora-se e observa-se, no momento da actividade, a descrição da parte do cliente e o entendimento do(a) vendedor(a), além de negociação e persuasão, como por exemplo, pedir ou oferecer descontos. Todos os alunos serão vendedores e clientes em diferentes momentos.

Para dar seguimento ao tópico e permitir o desenvolvimento do vocabulário, o professor pode planificar e orientar aulas sobre o vestuário no que concerne:

Nota: Estas actividades podem ser gravadas em áudio ou vídeo pelo professor para posteriormente, serem ouvidas ou assistidas a fim de os próprios alunos fazerem a auto-correcção e avaliação.


Saiba Mais

Acesse os links e veja mais jogos como estratégia de ensino.


Sugestões Metodológicas para o Desenvolvimento do Vocabulário

A aula de vocabulário pode ser dada a partir de imagens/gravuras, relatos, material concretizador; visita a espaços existentes na escola ou na comunidade circunvizinha, jogos de leitura, textos, etc.

O menino que escrevia versos

— Ele escreve versos!

Dona Serafina apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista no topo da montanha.

— Há antecedentes na família?

— Desculpe, doutor?

O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, peças de carros, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias.

O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol.

Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.

— São meus versos, sim.

O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?

Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado, por um médico.

Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrassem os pulmões e, sobretudo, lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.

Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:

— Dói-te alguma coisa?

— Dói-me a vida, doutor.

O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera.

Mia Couto in “O Fio das Missangas, 2003” (adaptado)


A título de exemplo, recorrendo ao texto, “O Menino que escrevia versos”, que se apresenta acima, o professor pode organizar diversas actividades, como:

Para tornar as aulas mais produtivas e motivadoras, o professor pode implementar a aprendizagem de forma lúdica, com recurso ao uso de vídeos ou áudios seleccionados ou produzidos pelos alunos e/ou pelo professor na escola.

Nota: Numa aula de estudo do vocabulário, o professor pode elaborar perguntas de compreensão e de interpretação. Este procedimento permite que os alunos tenham mais oportunidades de intervenção ao longo da aula o que propiciará melhor apreensão e desenvolvimento do seu vocabulário.


Actividade 6
  1. Agora que sabem que, de acordo com o contexto, as palavras podem apresentar diferentes sentidos, em grupos de cinco formandas e formandos, recorrendo ao texto da Reflexão 16, produzam frases com sentidos diferentes usando as palavras: pé e canto.
  2. Com o apoio do formador, formem sete grupos, de modo a que a cada grupo corresponda uma classe do ensino primário. Em seguida, recorrendo ao método de trabalho:

Auto-avaliação

Trabalho Independente

No seu estudo independente, realize uma das actividades seguintes:

  1. Elaboração de um quadro-síntese com as técnicas do ensino-aprendizagem do vocabulário, estudadas neste módulo, para cada um dos ciclos do ensino primário (1.º ciclo – 1.ª a 3.ª classes e 2.º ciclo, 4.ª a 6.ª classes, contendo elementos como: (1) Recursos; (2) Actividades a desenvolver e (3) Actividades de avaliação.
  2. Apresentação de uma síntese reflexiva do módulo, focalizando aspectos relativos:

Aspectos a considerar continuamente:


Assista à Videoaula

Nota: O conteúdo deste vídeo contém o mesmo conteúdo do texto do Manual