A preparação para a leitura e escrita deve ter em conta as características dos alunos que compõem a turma, o que significa que deve também observar as necessidades educativas especiais, sempre que necessário. Assim, sempre que haja alunos com deficiências físicas, auditivas ou visuais, o professor deve preparar aulas que permitam a aprendizagem de todos os alunos, sem excepção, atendendo a essas especificidades.
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Reflexão 9 |
Recorrendo à técnica de Cadeia de Falar, em grupos de cinco formandos (observando a equidade de género na sua constituição), apresentem as habilidades básicas que o aluno precisa de desenvolver para aprender a ler e a escrever com sucesso, nas classes iniciais.
Para aprimorar o seu conhecimento sobre as questões acima apresentadas, leia o texto abaixo sobre o ensino-aprendizagem da leitura e da escrita.
A escrita é um meio de inserção e da participação da criança em contextos sociais mais alargados. Ela deve servir para instruir, divertir, comunicar e estabelecer ligações com pessoas que estão distantes.
A aquisição da leitura e da escrita é posterior à aquisição da linguagem e a um nível específico de desenvolvimento motor humano. A leitura e a escrita estão interligadas, ou melhor, uma depende da outra; porém, a sua forma de uso é diferente.
O ensino da leitura e da escrita deve desenvolver-se de forma progressiva e envolve vários conceitos e competências que a criança vai amadurecendo à medida que cresce e exercita. As crianças devem ser preparadas de maneira geral para a alfabetização, através de actividades que visam desenvolver a memória auditiva, a memória visual, a lateralidade, a motricidade fina, a aprendizagem do código alfabético, entre outros.
É importante lembrar que os actos de ler e de escrever são habilidades e, como tal, precisam de ser estimuladas e treinadas, desde o início da escolaridade, através da apresentação e manipulação de materiais escritos na escola e no ambiente familiar.
Podem-se motivar a leitura e a escrita dos alunos, através de leitura sistemática de textos simples e curtos, versando temas ligados à realidade dos alunos, através da legendagem de todos os desenhos ou gravuras, fotografias, cartazes, fixação dos trabalhos da turma ou de outras classes no quadro de informação ou nas paredes, e escrita diária de palavras e frases no quadro.
A leitura e a escrita iniciais correspondem à aprendizagem do 1.º ciclo, quando os alunos não conhecem ainda o conjunto de sinais necessários para o aprendizado da língua escrita.
A aprendizagem da leitura e da escrita é um processo complexo que deve ser precedido de várias e diferentes actividades de pré-leitura e de pré-escrita. Ao longo deste processo, devem ser realizadas diversas actividades para o desenvolvimento das seguintes habilidades:
A habilidade visual consiste: na discriminação de tamanhos e formas das coisas; na identificação e formação de novas cores; na observação da posição dos objectos e a distância entre eles; na identificação de diferenças e semelhanças em imagens; na indicação da direcção em que os objectos são atirados, etc.
No processo de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de habilidades visuais, os alunos, a partir de imagens, realizam exercícios de identificação, simetria (duas metades da mesma imagem), identificação de formas, entre outros.
A seguir, apresentam-se alguns exemplos.
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Actividade 1 |
Com o seu colega mais próximo, observem as imagens representadas nesta tabela e, com base nelas, elaborem actividades para o desenvolvimento de habilidades visuais.
A habilidade auditiva engloba a:
2.1. Consciência fonológica, que consiste no desenvolvimento da capacidade de reflexão sobre as unidades fonológicas que compõem as palavras e as frases. As actividades para o desenvolvimento desta consciência devem ser trabalhadas, principalmente nas classes iniciais, à medida que as crianças avançam na aprendizagem e domínio formal da leitura. Eis algumas actividades para desenvolver a consciência fonológica:
2.2. Consciência fonémica, que é a identificação de fonemas (sons) nas palavras, segmentação e reconstrução fonémicas; a contagem e manipulação de fonemas.
Exemplos:
1. Segmentação e contagem silábica:
N.º de ordem | Palavra | Divisão silábica | N.º de sílabas |
---|---|---|---|
1 | burro | bur / ro | 2 |
2 | hipopótamo | hi / po / pó / ta / mo | 5 |
3 | sossego | sos / se / go | 3 |
4 | pé | pé | 1 |
Nota: As palavras são apresentadas apenas oralmente.
Esta divisão silábica de palavras que contêm “rr” e “ss” só é válida na fala, porque estas letras são pronunciadas de uma só vez.
Na escrita, a divisão silábica destas palavras apresenta um “r” numa sílaba e o outro “r” na sílaba seguinte, ou seja, deve obedecer à divisão silábica gramatical.
2. Manipulação silábica
N.º de ordem | Palavra | Divisão silábica | Sílaba retirada | Nova palavra |
---|---|---|---|---|
1 | casaco | ca / sa / co | co | casa |
2 | macaco | ma / ca / co | co | maca |
3 | bolacha | bo / la / cha | cha | bola |
4 | carapau | ca / ra / pau | pau | cara |
Nº de ordem | Palavra | Divisão silábica | Sílba a acrescentar | Nova palavra |
---|---|---|---|---|
1 | bata | ba / ta | ta | batata |
2 | pega | pe / ga | da | pegada |
3 | mata | ma / ta | pa | matapa |
4 | saco | sa / co | la | sacola |
Nº de ordem | Palavra | Divisão silábica | Troca de sílabas | Nova palavra |
---|---|---|---|---|
1 | cedo | ce / do | do / ce | doce |
2 | bolo | bo / lo | lo / bo | lobo |
3 | mala | ma / la | la / ma | lama |
4 | pata | pa / ta | ta / pa | tapa |
3. Evocação silábica
Exemplos:
Palavras a partir da sílaba ga
gato | gaiola |
galo | gamela |
Exemplos:
Palavra | Divisão silábica | Nº de sílabas | Sílaba igual |
---|---|---|---|
mercado | mer / ca / do | 3 | ca |
caderno | ca / der / no | 3 |
Palavra | Divisão silábica | Nº de sílabas | Sílaba igual |
---|---|---|---|
soldado | sol / da / do | 3 | sol |
sol | sol | 1 |
4. Sensibilidade aos sons de palavras
A sensibilidade aos sons de palavras consiste em:
Batalha dos Sons
Objectivos:
Considerando estes dois objectivos, procurar sons no celular ou levar para a sala de aula objectos variados que produzem sons e ruídos.
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Actividade 2 |
O formador poderá discutir com os formandos sobre a importância da percepção auditiva no processo de compreensão e escrita da língua portuguesa.
A habilidade motora consiste na formação do esquema corporal. A criança forma o seu esquema corporal, a partir do conhecimento das partes do seu corpo (cabeça, boca, nariz, olho direito/esquerdo, pescoço, braço direito/esquerdo, perna direita/esquerda, etc.) e das suas funções. Contribui, também, para a formação do esquema corporal, o domínio da relação do corpo com o espaço e os objectos que rodeiam a criança. Assim, ela pode orientar-se no espaço (para a frente, para trás, para o lado esquerdo/direito, para cima/baixo). A criança aprende a considerar o seu corpo em relação ao mundo (pessoas, coisa, objectos) que a rodeia.
Para o desenvolvimento das habilidades motoras, os alunos podem realizar actividades como:
Exemplo de grafismos
Os grafismos são exercícios de pré-escrita ou traços, cuja realização prepara a motricidade fina, que intervém no acto de escrever. Eles correspondem ao desenho livre, garatujas/rabiscos, traços.
A selecção dos grafismos tem a ver com o traço da letra que se pretende exercitar. Neste sentido, para além da coordenação motora geral, o professor deve prestar particular atenção às actividades e grafismos que favorecem o desenvolvimento da coordenação motora fina e discriminada, como sendo:
O desenvolvimento da coordenação motora fina e discriminada favorece a preparação dos movimentos dos músculos finos da mão e dos dedos que intervêm na escrita.
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Saiba Mais |
Aprofunde seu conhecimento e leia o texto sobre “O que é motricidade fina e como desenvolver?”
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Actividade 3 |
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Saiba Mais |
Aprofunde seu conhecimeto. Assista ao vídeo Psicogênese da Língua Escrita.
Nota: O conteúdo deste vídeo contém o mesmo conteúdo do texto do Manual