Técnicas de ensino são os modos de colocar o aluno em contacto com os conteúdos a serem aprendidos. Veja a seguir algumas:
A expressão dramática é muito útil para o ensino e aprendizagem de uma língua, pois é baseada no uso simultâneo da linguagem verbal (fala) e da linguagem não verbal (gestos, mímica, expressão facial e corporal) para mediação e assimilação de conhecimentos. Esta estratégia é importante para a compreensão, memorização, ritmo e entoação. Ela pode ter como ponto de partida objectos ou imagens e apresenta os passos seguintes:
1.º Demonstração/apresentação da informação – o professor diz a palavra/frase acompanhando com gestos, mímica, expressão facial e expressão corporal. Repete esta demonstração sem a participação dos alunos. Mas também poderá iniciar procurando exemplos com os próprios alunos.
2.º Demonstração participada/repetição da informação – o professor orienta um aluno para dizer a mesma palavra/frase acompanhando com gestos, mímica, expressão facial e expressão corporal e os outros alunos, primeiro, em pequenos grupos e, depois, toda a turma, repetem a palavra/frase, usando os mesmos gestos, mímica, expressão facial e corporal.
Este passo pode ser repetido quantas vezes forem necessárias até os alunos demonstrarem um certo domínio das estruturas em estudo. Mas para promover a metodologia participativa e centrada no aluno é importante que o professor alterne de posição com os alunos durante a atividade, permitindo que eles também iniciem o processo.
3.º Prática – O professor orienta um aluno de cada vez, para dizer a palavra/frase aprendida acompanhando-a com gestos, mímica, expressão facial ou expressão corporal, e os outros alunos, em grupo e, depois, individualmente, repetem a palavra/frase, usando os mesmos gestos, mímica, expressão facial e corporal. Mas o professor pode também criar outras formas, desenvolver a técnica na sala e sempre adotar um procedimento final de reflexão e avaliação com a turma.
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Actividade 5 |
A leitura de imagens é a interpretação de uma gravura, desenho, fotografia, etc., ou seja, é dizer o que a imagem representa. Esta técnica desenvolve as capacidades de observação rigorosa e especificada dos elementos constituintes da imagem, a imaginação, o vocabulário e a expressão oral.
O professor prepara uma imagem a ser trabalhada na sala de aula. Esta pode ser uma fotografia, um cartaz, uma figura do livro, um ambiente natural, etc. A imagem preparada pelo professor deverá ser em função do tema da aula e do vocabulário a ser desenvolvido. Após a apresentação e observação da imagem pelos alunos, o professor orienta a conversa com a turma; primeiro com a turma toda ou em grupos, e depois, individualmente, para garantir que nenhum aluno saia da aula sem falar (todo o aluno deve falar/ praticar), observando as etapas desta técnica.
A título de exemplo, pode-se conduzir os alunos à leitura de uma das imagens abaixo:
1. Nomear/enumerar é a etapa em que os alunos nomeiam ou atribuem nomes aos elementos que aparecem na imagem, discriminam os tamanhos, as formas e as cores, indicam as quantidades, etc. do que vêem; (o que vêem na imagem? Quantas pessoas vêem à mesa? Identifiquem os frutos que estão na fruteira. Nomeiem o vestuário trajado pelas pessoas da imagem. Quantos homens e quantas mulheres vêem? O que vêem em cima da mesa? Quantos pratos e quantos copos? Quais são as cores dos frutos e da roupa das pessoas que vêem na imagem? Aqui na sala, quem traz objectos ou vestuário com cores semelhantes às mencionadas?), etc. O que há dentro do jarro?
Durante a aula, o professor orienta esta actividade, de modo a levar as crianças a atribuir nomes e a dizer ou exteriorizarem as suas ideias. Se algumas crianças apresentarem dificuldades, o professor pede à turma para proceder à correcção dos enunciados dos colegas. Também se deve procurar sempre, relacionar as cores/tamanhos/quantidades existentes na imagem com as das coisas/ objectos existentes na sala de aula ou no meio circundante.
2. Função é o momento em que os alunos discutem sobre a utilidade dos seres ou das coisas que estão presentes na imagem que está sendo explorada, fazendo-se perguntas, como: para que servem as cadeiras e a mesa; os talheres, pratos, copos, tigelas…? (utensílios domésticos), a comida e a água?
Pode-se aproveitar a oportunidade para falar dos diferentes tipos de alimentos, frutos e pratos típicos da região; função de copos, talheres e pratos e outros utensílios que podem ser usados para servir comida.
3. Relacionar é a etapa em que os alunos exploram os conceitos ligados à lateralidade: à esquerda, à direita, à frente, para a frente, para trás, em cima, em baixo, debaixo, atrás, dentro/para, dentro, fora/para, fora, longe, perto, ao lado, etc. Quem está sentado à direita da senhora com lenço na cabeça? E à frente da menina mais nova? Quem está sentado à frente do senhor mais velho? Quem está à direita da senhora com tranças?
Aproveita-se esta etapa para a exploração da lateralidade recorrendo aos objectos e aos meninos na sala de aulas, por exemplo: o quadro está atrás ou à frente do professor? De que lado se encontra a porta da nossa sala? A Sara está sentada mais à frente ou atrás da sala? O que temos em cima da secretária? etc. Igualmente, o professor pode procurar saber se nas suas casas, os meninos passam as refeições todos à mesa ou não, e onde se sentam. Dependendo da resposta, a professora pode enfatizar a importância da reunião da família (reforço das relações interpessoais.
Agora, cada menino vai imaginar e contar uma linda história a partir da sua compreensão. Quem são os membros desta família? Como é que ela passa as refeições? É uma família alegre ou triste? Na tua opinião, o que eles farão no fim da refeição? O que aprendemos a partir desta história? etc.
Dependendo das condições existentes na escola, o professor pode convidar um membro da comunidade escolar para contar uma história aos seus alunos organizados em roda, na sala de aula ou debaixo de uma sombra existente no recinto escolar.
4. Interpretar é a etapa em que os alunos, depois de compreenderem o conteúdo da imagem, sob a orientação do professor, apresentam as possíveis conclusões sobre as personagens que aparecem nas imagens. Fala-se das acções, dos sentimentos, etc. Onde estão as pessoas que se vêem na imagem? O que estão a fazer? A avó está a usar algum talher? Porquê? Na tua casa passam as refeições juntos? Se a resposta for negativa, justifique. Acham que eles estão felizes ou tristes? Porquê? Pede aos alunos para imitar pessoas diferentes do núcleo familiar, de ambos os sexos, representando diversos sentimentos.
5. Contar é a fase em que os alunos para a criam histórias pequenas e simples a partir dos elementos observados. E esta deve ter uma lição educativa, por exemplo:
A imagem mostra uma família reunida. Agora, cada aluno vai imaginar e contar uma linda história a partir da imagem. Quem são os membros desta família? Como é que ela passa as refeições? É uma família alegre ou triste? Na tua opinião, o que vão fazer no fim da refeição? O que aprendemos desta história?
6. Recontar – é o momento em que o aluno faz a recapitulação e reconto da história criada no passo anterior de forma individual ou em grupo. Nesta fase, os alunos podem alterar os nomes, acções e o desfecho da história, dependendo da sua criatividade.
7. Ilustrar – é a etapa em que os alunos desenham e pintam o que compreenderam sobre a história.
Durante a realização desta actividade, o professor deve circular pela sala para acompanhar o trabalho dos alunos e interagindo com estes sobre o seu trabalho. Isto vai ajudar o aluno a desenvolver a expressão e compreensão orais, além de dar informações ao professor sobre o grau da aprendizagem do conteúdo em estudo.
Nota: Nos primeiros dias da 1.ª classe, o professor poderá apenas orientar a leitura de imagens baseando-se no 1.º passo e, à medida que os alunos vão desenvolvendo o vocabulário, poderá avançar para os outros passos. Contudo, mesmo com os alunos mais avançados, nem sempre é necessário utilizar todos os passos acima mencionados. O que dita que passos seguir é o nível de língua dos alunos e o vocabulário que se pretende desenvolver numa dada aula.
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Actividade 6 |
Rio Limpopo – Site: Ambiente magazine
Com base nesta imagem, em grupos de 5 formandos (observando a equidade de género na sua constituição), planifiquem uma aula de leitura de imagens para uma turma da 1.ª classe.
Consultem os programas do ensino primário. Esta actividade deve ser realizada por apenas um grupo da turma seleccionado pelo formador.
A dramatização é a representação de uma determinada situação ou de um facto. Visa desenvolver a expressividade, a criatividade e a autoestima nos alunos. Ajuda os alunos na construção do seu próprio conhecimento e promove a socialização.
Para a materialização da dramatização na sala de aula, existem diferentes caminhos. Assim, cabe ao professor, dependendo da natureza da sua turma, escolher o que melhor propicia o alcance dos objectivos da cada aula programada. Neste Manual, apresentamos o caminho seguinte de acordo com o modelo da progressão gradual:
Passo I. Momento do Professor
Neste momento, o professor faz a demonstração da seguinte forma:
Passo II. Momento de trabalho em grupo
Neste momento os alunos trabalham em gruposda seguinte forma:
Passo III: Momento do Aluno
Neste momento, cada aluno aparece com sua tarefa
Esta actividade pode culminar com a marcação de TPC que consistirá na ilustração de uma parte do texto representado, à escolha de cada aluno.
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Saiba Mais |
Assista ao vídeo que mostra um exemplo de atividade envolvendo Oralidade.
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Actividade 7 |
Com base no texto abaixo, em grupos de 5 formandos (observando a equidade de género na sua constituição), planifiquem e simulem uma actividade de aprendizagem, recorrendo à técnica de dramatização (actividade a ser realizada por apenas dois grupos da turma indicados pelo formador).
TEXTO
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O dói-dói da Amina A Amina, o Paulo e a Anifa vão à loja do senhor João. Pelo caminho, vêem um cão, assustam-se e fogem. A Amina cai numa cova e grita: – Ai que medo! Por favor, tirem-me daqui. Paulo – Calma, vamos te ajudar. Cuidado, Amina! Amina – Ai, ai, ai, o meu dedinho. Aleijei-me. Paulo – Anifa, vamos ajudar a Amina! Amina – Coitada! Ela aleijou-se no dedo e está a sangrar muito. Paulo – Anifa, vamos informar ao pai para levá-la ao Centro de Saúde. O pai da Amina leva-a ao médico. |
O reconto é uma técnica de oralidade que consiste em contar por outras palavras uma história lida ou ouvida. No reconto não é obrigatório seguir a ordem cronológica dos acontecimentos, podendo-se igualmente, alterar o princípio ou o fim da história. Esta técnica desenvolve no aluno as habilidades de memorização, reconstituição e apresentação de ideias e factos.
Nota: O professor deve ter sempre em atenção que o vocabulário dos alunos, numa primeira fase, será muito limitado para fazer o reconto perfeito, pelo que só se deve aumentar o nível de exigência, tanto ao nível oral quanto ao escrito, a partir da 3.ª classe.
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Actividade 8 |
A canção é uma estratégia para o ensino-aprendizagem da oralidade que facilita a aprendizagem de novas palavras, exercitação e fixação da pronúncia, dicção e articulação das palavras bem como para o desenvolvimento do sentido da audição, ritmo e da memória.
O professor inicia a aula fazendo um levantamento na turma dos nomes de cantores ou partes de músicas de que os alunos mais gostam. Podem cantar algumas primeiro, discutir mais sobre a história de vida das cantoras e cantores, dizendo de onde são, falar do conteúdo das músicas, etc.
Para que o uso da canção seja eficaz no desenvolvimento da oralidade é importante que a mesma seja criteriosamente escolhida (com o vocabulário que se pretende desenvolver) e que a entoação da canção seja acompanhada por gestos (nos casos em que a canção tenha verbos, acções. Por exemplo, se a dado momento se diz a palavra escrever na canção, então o professor e o aluno deve fazer o gesto de quem está a escrever) e/ou com material concretizador (nos casos em que a canção faz menção de algo. Por exemplo, se a canção é sobre material escolar, a medida que se menciona o material, o professor e os alunos vão levantando o material mencionado).
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Actividade 9 |
A lengalenga é uma breve canção, uma rima ou texto curto associado a brincadeiras infantis, na qual se repetem determinadas palavras ou expressões fáceis de decorar. Algumas rimas infantis, também designadas trava-línguas, ajudam a treinar e acelerar a pronúncia de certos vocábulos que contém combinações de difícil dicção ou pequenas variantes em sílabas vizinhas.
Objectivos:
Exemplos de Lengalengas:
Salto, salto com os meus pés Mexo, mexo com as mãos Volto, volto a cabeça Tapo, tapo os meus olhos |
Puxo, puxo pelas orelhas Toco, toco no nariz Façam todos como eu fiz. |
Encontrei um chinês 1 – 2 – 3 – 4 – 5 Na orelha tinha um brinco 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 |
Sabia contar até 6 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 No tapete limpava os pés |
O macaco foi à feira Não teve o que comprar Comprou uma cadeira Para (nome de alguém da roda) se sentar |
A (pessoa citada anteriormente) se sentou, A cadeira esborrachou, Coitado(a) de (da) (nome da pessoa) Foi parar no corredor. |
Exemplos de trava-línguas:
O tempo perguntou ao tempo:
– Quanto tempo o tempo tem?
O tempo responde ao tempo:
– O tempo tem tanto tempo.
Quanto tempo o tempo tem.
Concluímos que chegámos à conclusão
que não concluimos nada.
Por isso, conclui-se que a conclusão será concluida
quando todas tiverem concluido
que já é tempo de concluir uma conclusão.
Se a liga me ligasse
Eu também ligava à liga
Mas a liga não liga
Eu também não ligo à liga.
Nota: Para a leccionação deste conteúdo, o professor pode convidar algumas pessoas da comunidade, mães, pais, avós dos alunos, para dizerem algumas lengalengas e alguns trava-línguas ou recorrer às tecnologias para identificar e seleccionar estas actividades de aprendizagem.
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Actividade 10 |
1. Em grupos de 5 formandos (observando a equidade de género na sua constituição), analisem as lengalengas e os trava-línguas apresentados nos exemplos:
Nota: Seleccionem a classe de acordo com o conteúdo da lengalenga ou trava-língua.
2. Façam um trabalho de pesquisa na vossa localidade, para coleccionar lengalengas e trava-línguas. Pode-se recorrer aos pais e às mães para a recolha. (Atenção: a lengalenga também se chama parlenda).
Na oralidade inicial, o professor pode planificar e orientar:
Exemplos:
Os alunos podem desenhar membros da sua família e descrevê-los;
Os alunos podem desenhar a sala de aulas, pintá-la e descrevê-la
Exemplo:
Bom dia! Boa tarde! Olá! (os alunos repetem).
Exemplo:
Bom dia, professora. | É o caderno. | A Rita joga. |
Bom dia, José. | É a lata. | O Momade canta. |
Exemplo:
Amina joga à bola.
A Amina joga à bola na praia.
A Amina joga à bola na praia, aos domingos.
A Amina joga à bola na praia, aos domingos, com os amigos.
Exemplo:
A Camila escreveu um poema.
A Camila e o João escreveram um poema.
Exemplo: Complete as frases abaixo, usando não ou nunca.
¬ A Sara __________ costuma brincar no charco.
¬ Desde que o Leonel passou a viver na cidade __________ foi ao lago.
Nas classes iniciais, também se pode organizar sessões de audição de pequenos textos recolhidos ou seleccionados (pequenas histórias, poesias, lengalengas) para os alunos, na biblioteca ou mesmo na sala de aulas. Para realizar esta actividade, os alunos podem estar em roda, sentados no chão ou nas cadeiras. Durante a leitura, o professor deve estar numa posição em que possa ser visto por todos e dar vida ao texto através da expressão de sentimentos que aparecem no texto, tais como medo, espanto, alegria, tristeza, humor, desespero, etc.
A leitura deverá ser intercalada pela exibição das imagens existentes no livrinho, perguntas, visando a verificação da compreensão, pelos alunos, ou para explicação de expressões que possam dificultar a compreensão e interpretação da mensagem.
Como forma de despertar o interesse dos alunos, o professor pode, igualmente, recorrer a gravações de leituras expressivas (noticiários, discursos, histórias, poemas), gravadas em meios tecnológicos, tais como: computadores, MP3, discos, câmaras de vídeo (webcam), vídeos que mostrem diálogos básicos, assim como gravações destes feitas pelo próprio professor, microfones, tablets, telemóveis, para audições.
Para consolidar estas actividades, o professor pode recomendar aos alunos para, por exemplo, recolherem, junto dos pais, contos, histórias, adivinhas, cantigas de roda, etc., e trazerem para a escola para a sua apresentação oral, na sala de aulas.
Nota: O conteúdo deste vídeo contém o mesmo conteúdo do texto do Manual