Aula 3 | Metodologias gerais do ensino-aprendizagem do Português como língua segunda
Princípios e aspectos a considerar no ensino-aprendizagem de uma L2
As metodologias de ensino de uma L2 devem proporcionar a aquisição e o desenvolvimento das habilidades linguísticas dos aprendentes não falantes da língua-alvo. Assim, o professor deve ter em conta os seguintes princípios:
- o aluno tem uma tendência natural para se comunicar em qualquer língua;
- o aluno aprende a comunicar comunicando-se;
- o primeiro modo de comunicação linguística é através da oralidade e só depois vem a escrita;
- o aluno deve compreender primeiro o que os outros dizem e depois falar;
- o aluno deve compreender o que lê e depois escrever;
- o aluno aprende melhor uma língua quando é encorajado a tomar a iniciativa para comunicar;
- o aluno aprende melhor uma língua quando comunica em diferentes situações e aborda diferentes temas;
- o aluno deve estar informado, desde o início, sobre os objectivos da aprendizagem da língua portuguesa.
Condições que favorecem a aprendizagem de uma língua segunda
O Manual de Oralidade de Língua Portuguesa - Educação Bilingue, da Associação Progresso 2011, e o Programa de Educação Bilingue para o 1.° Ciclo do Ensino Básico da 1.ª e 2.ª classes, citando Krashen, descrevem as condições ou “as 7 coisas mágicas” para uma boa aula de língua segunda, nomeadamente:
- Meio ambiente sem preocupação ou ansiedade – o aluno aprende bem quando não está preocupado em cometer erros, que são normais quando se aprende uma língua. O professor deverá estimular a participação dos alunos e tal só pode ser conseguido se eles não forem inibidos.
- Informação compreensível – o aluno aprende a falar a língua, se tiver informação na L2 que tenha significado segundo o contexto, como imagens, acções, etc.
- Enfoque na comunicação – as actividades de comunicação, em que o aluno deve falar para resolver um problema ou atingir um objectivo, estimulam a aprendizagem.
- Língua contextualizada – os aprendentes devem dominar o vocabulário de que precisam para comunicar em diferentes contextos de comunicação, devendo estes ser familiares e ricos para permitir ao “aprendente” relacionar o que se diz na L2 e o mundo circundante.
- Aceitação de erros – na fase inicial da aprendizagem, se os erros não prejudicam a comunicação, não se devem corrigir constantemente. O aluno deve sentir-se livre para falar e praticar; vai auto-corrigir-se, na devida altura, com o apoio do professor.
- Respeito pelas etapas de aquisição da língua – em classes iniciais, o aluno vai aprender a falar, pouco a pouco, vai poder expressar-se melhor, e o professor deve desafiar o aluno neste processo. As etapas são progressivas. Se os alunos não estiverem preparados para passar para a etapa seguinte, não vale a pena sair da etapa em que estiverem. Esta condição compreende as etapas seguintes:
1ª Etapa de Pré-produção: a criança pode ouvir e perceber a língua; aprende o ritmo, a entoação e depois o sentido.
2ª Etapa de Pré-Produção Nascente: a criança dá respostas constituídas por uma palavra.
3ª Etapa de Produção: a criança liga palavras, forma frases de 2 a 4 palavras e comunica sobre as necessidades básicas.
4ª Etapa de desenvolvimento da língua: a criança continua a desenvolver o vocabulário e se expressa com mais facilidade.
- Professor facilitador – o trabalho do professor é de criar actividades que providenciem oportunidades para os alunos praticarem o que estão a aprender.
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Saiba Mais |
Assista ao vídeo que versa sobre Vygotsyky e a sua teoria de desenvolvimento da linguagem. A grande importância desta teoria (sócio-construtivista) para a didáctica é o seu enfoque na interacção social como uma das forças motrizes do desenvolvimento da linguagem, sendo a chamada Zona de Desenvolvimento Proximal um dos seus mais impertantes conceitos. Com efeito, algumas teorias e técnicas usadas no manual baseam-se nos pressupostos desta teoria.
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Nota: O conteúdo deste vídeo contém o mesmo conteúdo do texto do Manual